24 de junho de 2013

Parque Eólico de Vila Nova

Nos meses de Junho e Julho ocorrem os exames finais da UC, aqui o ano acadêmico termina no mês de Julho, em Junho temos exames normais de todas as matérias do segundo semestre, o que toma grande parte de nosso tempo para estudar (por mais que não tenhamos aulas nesse período, ficamos grande parte desse tempo estudando em casa visto que as provas exigem muitos detalhes de cada mateira), temos provas todas as semanas, tivemos semanas com duas provas seguidas. Isso gera um certo stress, porque ficamos praticamente o mês inteiro trancados em casa estudando, chegando ao ponto de ficarmos até três dias sem nos vermos (isso que um apartamento fica ao lado do outro).

Quando eu estava no Brasil, no menor indicio de stress, pegava minha bicicleta e partia para mato acampar, ficava o fim de semana inteiro repondo as energias na natureza. Acontece que estando aqui há quase um ano ainda não tinha tido a oportunidade de fazer isto, por isso resolvi contar como foi a minha primeira excursão de bicicleta aqui em Portugal. 

Todos os dias de manhã saio na varanda do apartamento para tomar chimarrão e estudar, porque agora no verão esse é o lugar mais fresco da casa, isso sem contar na bela vista que tenho. Ao fundo dos prédios vê-se uma cadeia de morros com aerogeradores, ao observar esses morros, me veio a curiosidade de como deveria de ser a vista do alto deles, e na quinta feira (20/06/2013), um dia após o ultimo exame do semestre, resolvi ir visita-los.

Vista da Varanda do Apartamento
Pesquisei na internet sobre esses morros, no entanto, não fazia ideia de quais eram os nomes deles, para saber o caminho tracei uma linha reta no mapa seguindo o ângulo de observação da varanda, assim descobri que o povoado mais próximo desses morros era Miranda do Corvo, coloquei a rota no GPS do celular, liguei este ao fone de ouvido para que conforme eu estivesse andando ouvisse as direções e não precisasse olhar para o celular. Meu principal medo nessa viagem era o fato de ter que passar por rodovias movimentadas, no entanto, descobri que em Portugal as regras de transito são mais rígidas e dão maior proteção aos pedestres e ciclistas, também descobri que se o ciclista seguir as regras de transito a bicicleta tem os mesmos direitos dos carros e os motoristas respeitam essas regras, assim o trajeto que coloquei no GPS era como se estivesse de carro (é claro que por ser mais lento que os carros eu sempre ando pelo acostamento e procuro usar o bom senso no transito). 

A primeira vila que cheguei era Cabouco, que fica próxima a Coimbra, essa é uma vila típica do interior de Portugal, onde tem poucas casas, a maioria das pessoas mora no campo, sendo que na vila fica apenas um mercado onde os camponeses podem comprar o necessário e uma igreja. 

Cabouco
Logo apos Cabouco começa uma grande subida, conforme vai se chegando ao topo vesse um povoado ao pé dos morros, esse povoado chama-se Canas, o Vale de Canas é muito bonito, de cima vê-se uma igreja que badala seus sinos de hora em hora, graças ao relevo da região o badalar dos sinos pode ser ouvido por todo o vale. Essa região, desde as casas, a igreja e até as pessoas lembram muito a colônia onde meu pai nasceu (colônia Bela Vista de Imbituva), fiquei um bom tempo admirando esse lugar.

Vale de Canas
O GPS me conduziu por umas estradinhas muito estreitas, no principio achei que estava perdido, no entanto ao averiguar no mapa vi que estavam certas, após subidas e descidas cheguei a Miranda do Corvo, essa cidadezinha tem uma igrejinha construída no ano de 1786 porém a torre dos sinos é muito mais antiga, infelizmente a igreja estava em reformas e não pude conhece-la melhor.

Igreja de Miranda do Corvo
Torre da Igreja de Miranda do Corvo
Miranda do Corvo é uma cidadezinha que apresenta um típico estilo de casas portuguesas, essas casas são antigas, com um calfino extremamente branco e muitas plantas ornamentais.

Miranda do Corvo
Um fato muito interessante de Mirando do Corvo é um riozinho que corta o centro da cidade, esse é represado diversas vezes de modo que a água parece estar em maior quantidade e passar mais suavemente gerando uma bela vista. 

Miranda do Corvo
Ainda em Miranda do Corvo perguntei a um comerciante local se era possível ir até o parque eólico, esse disse que eu deveria ir até Vila Nova e de lá pegar uma estrada que da acesso ao parque, fiz o caminho no GPS e cheguei até o local. Em Vila nova um senhorzinho me informou qual estrada deveria pegar e também me contou que demoraria um bom tempo para chegar lá em cima. Vila Nova é outra cidadezinha tipicamente portuguesa, nesse dia aconteceria a festa junina da comunidade, a cidade estava toda enfeitada com bandeirinhas e o povo todo estava organizando a festa.

Vila Nova (ao fundo)
Ao subir para o parque eólico de Vila Nova, em certa parte do caminho um casal de camponeses que subia a serra num TOBATINHA deu-me uma carona. O simpático casal, seu Joel e dona Aulinda são típicos camponeses de Portugal, a principio, antes de conhece-los, eu achava que em Potugal não existiam  mais camponeses que vivessem da agricultura de acordo com os costumes ancestrais, fiquei muito feliz pela conversa que tive com eles, porque assim como ocorre no Brasil, as pessoas de cidade grande são mais estressadas e fechadas, já as pessoas do interior são geralmente mais calmas e sinceramente eu prefiro conversar com elas, porque me criei nesse meio. 
 
Seu Joel e Dona Aulinda 

Uma coisa interessante é que em Portugal esses camponeses tem orgulho de serem camponeses e as pessoas das cidades os respeitam muito.

Após a carona do seu Joel e a dona Aulinda subi mais um bom tanto até que cheguei a uma ruazinha ela é um trajeto do campo de caça da vila, eu tinha perguntado as camponeses se avia lugares para acampar na região, o seu Joel me falou que muitas pessoas vem acampar nessa região, porém, é necessário armar a barraca em um local bem visível, porque ali é um região de caça e tem o perigo de balas perdidas, mas pelo o que eles me falaram nunca ocorreu nenhum acidente e local é muito bonito.

Estação de Caça de Vila Nova
Após 3 horas de subida cheguei ao topo do morro no Parque Eólico de Vila Nova.

Parque Eólico de Vila Nova
Em Portugal e em toda a Europa existem vários parques eólicos, essa energia considerada limpa abastece cerca de 30% da energia elétrica consumida em Portugal, porém como o potencial hidroelétrico de Portugal é muito baixo, a maioria da energia é produzida por termoelétricas, gerando um grande gasto com energia no orçamento do país, tanto que a EDP (empresa responsável pela energia Portugal) é a empresa com a maior divida de Portugal. A vista do morro é muito bonita, tendo a baixo a Vila Nova, mais a frente Miranda do Corvo e bem ao fundo, quase invisível, temos Coimbra. Verdadeiramente essa vista valeu os 41 quilômetros que percorri para chegar ali e os outros 41 que percorri pra voltar, somando os 82 quilômetros.

Aerogerador
Vista do Parque Eólico de Vila Nova
Duvidas e reclamações deixem nos comentários.  

Por Renato Kovalski Ribeiro.

Um comentário:

  1. Que fantástico Renato, adorei ler e ver tudo isso. Tenho muita vontade de conhecer essas vilas rurais.

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